
Ele
caiu em si e nunca mais se levantou.
* * *
Tinha
fome de Glória! Devorou-a. Depois, sem ela, acabou morrendo de inanição.
* * *
Apressado, cortou caminho por um beco de má fama, e
não chegou do outro lado.
* * *
Passou
a ter fortes dores nas costas. Fez todo tipo de exame e não descobriu o motivo.
Um dia, pode jurar ter visto no espelho um vulto sobrenatural pendurado em seus
ombros. Estarrecido, compreendeu o motivo das dores nas costas.
* * *
Anastácia
tomou remédio para não roer mais as unhas. E deu certo! Alguns dias depois, uma
a uma, suas belas unhas começaram a cair.
* * *
Morava
há anos numa casa assombrada, sem saber. Certa noite, acordou cercado por
figuras fantasmagóricas e foi puxado pelos pés e sacudido violentamente nos
ares e jogado contra as paredes e atirado de volta sobre o colchão. Então,
soube.
* * *
Isolou-se
tanto para escrever um novo livro que perdeu os poucos leitores que tinha. E
quando finalmente lançou sua obra, ninguém lembrava mais dele.
* * *
Era uma vez um trapezista de circo que saltava sem
rede de proteção. Era uma vez um trapezista de circo.
* * *
Ela apaixonou-se pelo carteiro e passou a escrever
cartas na esperança de revê-lo. Tudo em vão. Apesar disso, continuou
escrevendo. Acabou seduzindo a si mesma e vivendo o seu melhor caso de
amor.
* * *
Zibeline tinha voz de veludo, mãos macias como
seda, dentes brancos como algodão, mas tinha fetiche em ser tratada como pano
de chão.
* * *
Desde o bercinho Natanael sofria de riso frouxo. Os
pais fizeram de tudo para que ele aprendesse a controlar as risadas
desenfreadas. Mas quando viram que não tinha mesmo jeito, desistiram, e
passaram a rir com ele.
* * *
No zoo, Hercílio viu pela primeira vez um avestruz
e ficou encantado com as feições simpáticas da ave. A segunda vez foi numa
visita a uma fazenda e levou um corridão tão brabo que ficou com um pé atrás. A
terceira vez, folheando uma revista, tratou logo de virar a página bem
depressa.
* * *
Acidentalmente ele encontrou num livro a palavra
'muxoxo' e achou a coisa mais querida. Tentou inseri-la em suas falas diárias
mas desistiu porque ninguém entendia o significado. Daí, fez um muxoxo e
devolveu a palavra ao livro.
* * *
Astrogildo tinha 20 anos quando passou a sonhar que
morreria de forma trágica. Os anos foram passando, passando... Hoje com 96 anos
ele nem lembra mais disso.

Espero que tenham gostado dos meus nanocontos, amigos.
Ótima semana a todos e obrigada pelas visitas ao blog!
uma leitura ótima... criativa e gostosa de ler.
ResponderExcluirUm abraço
rss, mas eu adorei, Rosa! Gostaria de fazer uma seleção dos melhores, mas não deu; todos são ótimos, uns de tão dramáticos chegam a ser hilários.
ResponderExcluirLeitura gostosa.
Beijo pra você. Uma ótima semana.
Achei o máximo!!!!
ResponderExcluirBoa semana
Adorei,Rosa! Gosto de nanocontos! Mostram astúcia e criatividade! bjs, chica
ResponderExcluirBom dia, Rosa!!
ResponderExcluirNada fácil escrever muito com poucas palavras! E ficaram excelentes!
Destaco os meus preferidos: do pobre homem que tinha dores nas costas...(cruzes!), do outro, coitado, que morava numa casa assombrada sem saber...e no final ficou sabendo! Adorei a ironia!rsrs E do homem que encantou-se pela palavra muxoxo, que querido!
Amo contos de terror, mesmo não sendo muito corajosa...rsrs
Beijos, querida Rosa!!!
Excelente poder de síntese, Rosa! Muito bom!
ResponderExcluirBeijo
Olá Rosa, um show magnifico seus nanos.
ResponderExcluirEste poder de síntese aliado ao humor sem dor é fantástico.
Alimente-nos mais e nos inspire a esta bela arte de síntese.
Gostei.
Um carinhoso abraço.
Que ótimo Rosa, amei ler esta tua imensa criatividade!
ResponderExcluirBeijos!
Mariangela
Oi Rosa,
ResponderExcluirAdorei
Ri muito, só você...
Beijos
Lua singular
Olá Rosa.
ResponderExcluirGostei demais dos seus criativos e inteligentes nanocontos. É uma leitura agradável, que não sse quer terminar tão cedo. Se tivesse que escolher a melhor, não saberia dizer qual é ela. Todas são da melhor qualidade. Parabéns.
Abraço.
Pedro.
Oi, Rosa!
ResponderExcluirAdorei os nanocontos. Você como sempre super inspirada.
Parabéns!
Obrigada, Rosa, pela ajuda com a divulgação dos meus livros.
Vou indicar os seus no meu blog também.
Abrçs
Blog: Autora Marcia Pimentel
Rosa.... estou absolutamente encantado... ainda mais com esse, por toda a relação que tenho com
ResponderExcluirO CIRCO:
"Era uma vez um trapezista de circo que saltava sem rede de proteção. Era uma vez um trapezista de circo."
Simplesmente, maravilhosos...!
Rosa, como está amiga, tudo bem?
ResponderExcluirPuxa, vejo que você continua surpreendentemente inspirada, pois sua escrita beirou à perfeição!
Eu ri com alguns, me emocionei com outros e na maioria, um sorriso saiu dos meus lábios tentando decifrar como consegue fazer algo tão astucioso!!
Todos são ótimos e impossível dizer qual o melhor!
Você se superou querida!
Muito obrigada por essa obra!!
Um grande beijo e desejos de um final de semana maravilhoso!! :)))
Oi Rosa,
ResponderExcluirEu vou começar a escrever a contar contos em séries bem espaçadas." Vai ver que da"kkk.
Beijos
Lua Singular
Quanta diversidade, talento e criatividade, nesta série de micro contos, Rosa!...
ResponderExcluirAdorei todos!!!! Confesso que tive que ir ver o significado da palavra muxoxo... :-D
Não saberia escolher o meu preferido!... Que trabalho fantástico!
Deixando um beijo, e agradecendo sua gentil presença, por lá no meu canto, mesmo por esta altura, em que andarei ainda a meio gás, pela Net, ao longo de Setembro...
Feliz semana! Tudo de bom!
Ana