
E,
de repente, nos vimos todos em meio a uma pandemia de proporções incalculáveis,
embora façam muitas projeções. Covid-19 está assustando o mundo inteiro porque
se dissemina rapidamente, atacando as vias respiratórias das pessoas
infectadas, causando mortes em alguns casos, alastrando o medo em cada um e
provocando muitas incertezas sobre o retorno da normalidade.
Achei
que 2019 tinha sido um ano tenebroso, com toda aquela rivalidade por conta de
escolhas políticas, dividindo as pessoas em lado direito e esquerdo. Alguns
amigos e familiares se desentenderam e até deixaram de se falar.
Ledo
engano. Este ano de 2020 ficará marcado na história e em nossas lembranças, não
apenas ao mexer com a rotina de todos de forma impactante, mas por ter nos
forçado a enfrentar um mal invisível. "Fique em casa!" "Lave bem
as mãos." "Saiam somente se for necessário." Recomendações
novas.
Incluí
agora um novo costume: manusear o rosto o mínimo possível. Faço exercícios para
coçar o rosto com as costas das mãos, somente. Difícil resistir! Quando me dou
conta já estou esfregando os olhos, passando a mão na boca, no nariz. Um
perigo! Tenho de intensificar o exercício, senão...
Não
possuo uma varanda para pegar sol diariamente. Ah, como eu queria ter uma
varanda! Mas não tenho. E o que eu tenho nesse meu espaço reduzido? Uma nesga
de sol que bate na cozinha, num momento curto do dia. Coloco uma cadeira ali,
abro bem a janela, e fico sentada por quinze minutos, com roupas leves, braços
e pernas desnudos, sem protetor solar. Dizem que é o tempo e modo necessários
que nosso corpo precisa para produzir vitamina D (tão importante para termos
imunidade contra as doenças). Vou arrastando a cadeira, aproveitando até o
último pedacinho de luz natural. Quando o sol se vai, respiro fundo e agradeço:
"obrigada, universo!".
Depois
de duas semanas "presa" em casa, saí para colocar o lixo no container
do outro lado da rua. Foi bem esquisito. Eu me peguei cheia de medos novos.
Abri a porta do elevador com desconfiança. Apertei o botão para descer. E tudo
que eu ia tocando, de repente, passou a representar uma ameaça possível.
Na
volta encontrei uma vizinha e tentei mostrar normalidade. Mas por dentro eu
queria mesmo era voltar correndo para a segurança do meu lar-doce-lar e lavar
bem as mãos com sabonete por 30 segundos.
O
preocupante é saber (ou imaginar, ou supor, ou especular) que existem muitas
formas de sermos infectados e por mais cuidados que tenhamos, ele (o vírus)
pode nos pegar. Ainda assim, prevenção é a medida mais acertada.
Fiz
compras no supermercado online porque o mais próximo aqui está a 600 metros.
Daí, fui colocando "no carrinho" tudo que eu precisava. Bem prático.
Dois
dias depois minhas compras chegaram. Levei um susto com o som do interfone. E
eu sabia que ele iria tocar! Imagine o grau de tensão que uma quarentena
provoca numa pessoa. Pois é. Ando tensa. Impossível não ficar.
Desci.
Não encontrei ninguém no caminho. Abri a porta para um rapaz com máscara de
proteção. Ele colocou as sacolas num canto, mantendo uma distância
recomendável. Foi estranhíssimo. O rapaz com medo de mim. Eu com medo do rapaz.
Naquele momento, representávamos uma ameaça um para o outro. Nunca pensei
passar por algo assim. Só o medo de assaltos me fazia antes ter esse tipo de
reação. Coisas que só uma pandemia batendo na nossa porta nos faz passar.
Vamos
superar essa fase nebulosa. E talvez cada um passe a se cuidar melhor depois
que nossas vidas voltarem ao normal. Porque até criarem uma vacina para o
Covid-19, temos de ter em mente que somos todos vulneráveis. Então, será
inteligente de nossa parte se continuarmos nos cuidando como agora.
Cuidem-se bem. Um abraço caloroso a todos.
* * *
Obs.: Esta crônica foi escrita dia 02/04.
A tensão reduziu. Os cuidados e o isolamento
continuam, porém mais leves. A vida segue.
A tensão reduziu. Os cuidados e o isolamento
continuam, porém mais leves. A vida segue.

Boa tarde de fé e esperança, querida amiga Rosa!
ResponderExcluirUma crônica muito boa e que descreve muito bem o que todos estamos passando. Uma verdadeira agonia. 3h eu gasto para higienizar tudo para 15 dias...
Também tenho medo de quem vem trazer as entregas e por delivery também... Nem olho para o rosto. Álcool gel, na mesa que ele põe a máquina, na minha mão antes de pegar a máquina e depois... Sacolas não passam da porta mesmo...
E, ainda assim, só mesmo como contando com a Graça de Deus que nunca nos falta.
Vamos seguir a caminhada até o fim.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Macau tem agora três doentes internados.
ResponderExcluirA terem alta brevemente.
Devagarinho, com calma, sensatez, vamos ultrapassar esta fase e acordar do pesadelo.
Bjs
Rosa, me identifiquei com cada letra, com cada palavra e, enfim, com todos os parágrafos que você relatou aqui...
ResponderExcluirE como você escreve divinamente... Não é a toa que seus livros são um sucesso, um primor da nossa literatura, pois você tem o dom de nos transportar para outro mundo em suas palavras...
Você mencionou sobre o medo, a ansiedade... Sim, eles me tomaram de assalto e nunca senti tanta taquicardia e ataques de pânico como agora.. Estou com muitas dificuldades de lidar com tudo isso e creio eu, que será quase impossível voltar ao normal, depois que tudo isso passar, e tomara que passe...
Éramos felizes e não sabíamos...
Um grande beijo querida e se cuida muito!!!
Vamos vencer essa pandamia juntos
ResponderExcluirabraço
Oi Rosa
ResponderExcluirEstamos vivendo uma era atípica. E cada um de nós com os seus receios.
Mas é preciso manter o equilíbrio emocional para vencermos essa pandemia que em breve há de passar. Voltar à normalidade acho bem difícil. Penso que teremos uma outra visão do mundo e de como teremos de frente ás mudanças impostas por esse vírus
Beijinhos e sorrisos minha amiga
Olá querida Rosa,
ResponderExcluirEssa pandemia realmente veio para assustar e mudar o modo como vivíamos antes dela. Houve mudança de hábitos, preocupação constante com a higiene pessoal, utilização de máscara para sair as ruas, parece que estamos vivendo um filme de ficção científica. Com certeza sairemos com algum aprendizado depois que o vírus se for, talvez demore para que a vida "normal" se torne novamente cotidiana. Adorei a sua crônica!
Um beijo!
Olá minha amiga! Quanto tempo. Estou de volta as ondas e voltei poeticamente :-) Assim além de um abraço imenso estou a te convidar a participar do 11º Pena de Ouro, decidi reativá-lo, pois neste momento de clausura nada melhor que colocar a mente para funcionar, topas brincar? Não querendo vai uma visitinha no meu novo Ostra só para conhece-lo, ok! Beijos ♥ Eis o link https://ostra-da-poesia2.blogspot.com/
ResponderExcluirOlá Rosa
ResponderExcluirDesejo que essa pandemia passe rápido. Um forte abraço.
Querida amiga, passei aqui para ler um pouco de seus escritos, vc escreve muito bem e sabe cativar rapidamente nossa atenção, te desejo muita felicidade e saúde nestes dia inglorios de pandemia, pois muita gente ficou sem chão.
ResponderExcluirGrata, amigos, pela visita e comentários. Abraços
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