quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Coisinhas prosaicas



E se o amor nada mais for do que nossa carência preenchendo vazios? Eu hein, pois acreditem, Arnaldinho largou-me essa, dia desses. Como assim, preencher vazios? Amor é amor, ora! Todo mundo sabe que não depende de nada, a gente sente, sem querer sentir. Falei isso pra ele..., no que iria me arrepender profundamente. Minha discordância resultou em horas de conversas que vararam a madrugada e acabou que ele dormiu aqui em casa. Daí... bem, Arnaldinho tem aquela carinha de "adote-me". Irresistível. E eu estava carente. E falamos sobre o vazio até nos enchermos. E .... não me arrependi.

Mas, voltando ao vazio que nos leva ao amor. Que loucura, não? Tentar preencher o vazio de uma vida, tornando-se íntimo de outra vida, que também sente sua vida vazia e procura outra vida para sentir-se menos vazio!? Ufa!

E se, ao contrário, entrarmos em outra vida, cujo coração não se encontra vazio? Aposto que logo reclamaremos que não há espaço pra nós, ou coisa do gênero.

Também não deve ser raro os que buscam vazios virgens, inéditos, pra garantirem que serão os únicos  responsáveis pelo preenchimento dos mesmos. Sei lá. Não sei de tanta coisa. Assim mesmo, continuo amando.

Bem me disse semana passada, João Paulo, que eu sou uma pessoa hesitante. Caramba, pensei em dizer tanta coisa pra ele! - mas não disse nada. Ele tem razão, sou hesitante. Poxa, justo ele, um cara com quarenta e dois anos, que ainda mora com os pais!.... me dizer algo assim. Fiquei dois dias deprimidíssima. Depois passou.

Pior foi Maria Rita, sutilmente, em meio a uma conversa fútil, me acusar de ressentida. Quase fiquei de mal com ela por causa disso. Ao contrário, que fiz eu? Hein? Que fiz? Nadinha. Mas guardei bem guardado e remoí por duas semanas. Não. Minto. Ainda estou remoendo. Ressentida, eu? Ela vai ver, não perde por esperar. Na hora certa, darei o troco.

Refletia intensamente sobre todas as críticas das últimas semanas, meses, anos, quando Fabrício, meu vizinho de porta, apareceu. Folgado como ele só, entrou e foi direto escolher uns filmes na estante, para só depois me pedir emprestado. Sujeitinho sem noção! - pensei. Dei um sorriso de papelão e fiquei olhando ele remexer nas minhas preciosidades. Emprestei uma vez e abri as comportas para todo o sempre? Bem feito pra mim! E como eu não soube dizer com certeza qual meu estilo preferido, ele soltou a pérola que faltava pra completar meu lindo colar de acusações: "Poxa, tu nunca tem certeza de nada?" Como é???? Só não expulsei ele depois dessa porque eu sou educada e fui pega de surpresa e não soube direito como agir e filosoficamente ninguém tem mesmo certeza de nada.

Desnorteada, deitei-me no sofá e lancei esta bomba na minha direção: "caramba, nem meus amigos imaginários ficam do meu lado!"



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