segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Nanocontos circenses


O palhaço não estava em seu melhor dia. Ainda assim, vestiu-se de alegria, abotoou-se de sorrisos até o pescoço e entrou no picadeiro.

* * *

Cresceu no circo. Mas não passou de um metro e trinta.

* * *

Teve duas filhas com a mulher barbada e ficou torcendo para que herdassem o mesmo sucesso materno. Infelizmente, porém, elas não puxaram à mãe.

* * *

Era um circo pobre, sem lona, a céu aberto. Em compensação, junto com a ilusão, oferecia de presente a lua e as estrelas.   

* * *

Tinha sérios problemas de metabolismo e sofria com o efeito sanfona. Por conta disso, o homem-bala vivia entrando e saindo do exercício de suas funções.

* * *

Marlowa teve uma crise alérgica em plena apresentação de contorcionismo, se retorceu toda e quase tirou pedaços da pele de tanto se coçar. Curiosamente, o pessoal nem notou.

* * *

As duas motos giravam dentro do globo, quase raspando uma na outra, para tensão da plateia. Até que o pior aconteceu, fazendo jus ao nome do show.

* * *

Justo na hora do espetáculo o leão se recusou a sentar no banquinho. O domador, que também era mágico e hipnotizador, pacificamente, contornou a situação.

* * *

Engolia espada com a habilidade de quem sabe o que faz, quando foi acometido por uma série súbita de espirros. Sua habilidade tão notória, não predominou. Não mais.

* * *

Querendo inovar, Dimitry inventou de pedir a mão de Svetlana em casamento em pleno salto do trapézio. A surpresa foi tão grande que a mão de Svetlana recuou. 

* * *

Amava fazer coisas que poucos faziam. Lá do alto, via o público estupefato com seu equilíbrio e destreza, e se sentia o bambambã em matéria de equilíbrio na corda bamba.

* * *

Dentro de Natasha ocorria uma batalha entre o medo e a tradição circense, enquanto um destreinado atirador de facas se preparava para entrar em ação. Ela, nem piscou. 

* * *

Da cartola ele tirou um baralho, um ramo de flores, uma echarpe e um coelho... Só não tirou mais coisas porque se desconcentrou com os aplausos eufóricos da arquibancada.

* * *

Lá pelas tantas, desmontou-se o circo. E a trupe seguiu viagem, levando uma tenda de magias para outros lugares, outros olhares.


15 comentários:

  1. Naquele Circo sem lona, da autora Rosa Matos, ele sentou e olhou o espetáculo das estrelas e da lua... o Circo foi embora... mas, generosa que era a autora, deixou lá o espetáculo, para que que pudessem continuar olhando...!!!!

    Super parabéns!!

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  2. Tão lindos ,Rosa! Adorei! beijos, chica

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  3. rss, adorei as histórias circenses, principalmente o engolidor de espada... coitado! Imagino a cena.
    Beijo, querida amiga.

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  4. Você tem uma imaginação incrível.
    E alia a essa imaginação uma forma única de escrever.
    Soberbo!

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  5. Um show de nanos Rosa.
    Amei o que fala da lona de circo e do premio ao espectador, maravilha.
    Síntese é arte.
    Abraços Rosa.

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  6. Oi Rosa bom dia!
    Que contos mais lindos,
    E como você escreve bem!
    O palhaço...Que bela missão de alegrar ao próximo!
    Amei Rosa!
    Beijos!
    Mariangela

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  7. Oi Rosa bom dia!
    Que contos mais lindos,
    E como você escreve bem!
    O palhaço...Que bela missão de alegrar ao próximo!
    Amei Rosa!
    Beijos!
    Mariangela

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  8. Oi, Rosa!
    Como sempre nos encantando com os seus belos e divertidos nanocontos.
    Mais uma vez os meus parabéns.
    Abrçs

    ✿Blog: Autora Marcia Pimentel✿ ✿Instagram✿ ✿Twitter✿

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  9. OI ROSA!
    DELICIOSO TEU NANOCONTO,AMEI.
    ABRÇS

    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  10. Oi Rosa
    Que delícia este nanoconto. Fui transportada para a infância e na minha mente eu formei todas as imagens das cenas descritas com maestria. Parabéns!
    Beijos

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  11. Pois é, Rosa, começo a me dar conta de que me estou tornando fã dos seu nano contos... Estes “Nanocontos circenses” estão muito bons. Pensei em escolher um deles, como o que mais me agradou, mas não quis fazer injustiça com eles, já que todos são ótimos. Parabéns.
    Abraço.
    Pedro.

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  12. OI, Rosa...em cada cena um susto, um encantamento, uma melancolia; toda a magia do circo com tão breves olhares. Em cada personagem o ser humano em sua complexidade. As estrelas permaneceram no céu na despedida. Muito bom!
    Um abraço

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  13. Um conto muito criativo. Muito bom de ler.
    Um abraço

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  14. Oi Rosa,

    Contos criativos e a narrativa com um senso de humor muito
    rico e até "transgressor" no melhor sentido.
    Gostei muito!!
    Um domingo radiante e inspirador para você.
    Beijo.

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  15. Oi poetisa,
    São lindos seus nanocontos
    Adorei
    Beijos no coração
    Minicontista2

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