Ilustração Valeria Docampo
Tenho dias de
silêncio, de poucas vozes e nenhum riso. Inesperadas manhãs, tardes e noites, perdidas em golfadas de ventos que não sopram, mas arrebentam.
Tenho dias de
algumas dores que afetam meus humores. São os dentes, as veias, o crânio,
os tecidos todos que me constituem, amotinados, aos brados, erguendo cartazes
pelas grades da cela, em misterioso protesto.
Tenho dias de
prantos repentinos, alguns motivados, outros inexplicados. Uma orquestra de
sinfonias lacrimosas, entoando diversificados sons, amplificados por emoções
sufocantes que me lavam por dentro e me acalmam repentinamente.
Tenho dias de
apetite voraz, prazeres divididos, entusiasmados, expandidos em múltiplos
suspiros, longos tremores, arrepios, calafrios, entrelaçados em suores de
intensa satisfação.
Tenho dias de
algazarra, folia e brincadeiras, pipoca, algodão doce, clichês
desgastados, piadas batidas, conversa entre amigos, gargalhadas vibrantes, briguinhas tolas, des/entendimentos, pés descalços na areia, saudades imensas [sem mais, nem porquê], cantiguinhas
nostálgicas e atitudes infantis.
Tenho dias de
loucuras, desvarios, pinos soltos, bater de portas, riscos nas paredes, versos
adoidados, gritos retirados da caixinha dos guardados polidos, educados e
reluzentes, insanas manias [como escutar várias vezes a mesma música],
viciantes ritos, aloprantes, gotejantes, arfantes, acessos de fúria,...
verdadeiro caos. Sim, tenho dias em que enlouqueço.
Tenho dias de
sabedoria erudita, visionária, profética, sensitiva, catastrófica, em que
antevejo [sem querer] o buraco antes da queda... E, mesmo assim, eu
caio.
Tenho um ano
inteiro de pensamentos e emoções variadas, castigadas, festivas, de perdas e
ganhos. Uma avalanche de dias cheios, dias rasos, dias que se arrastam, dias
que se evaporam, dias que somem, dias que correm, dias gorduchos e dias
esquálidos. Tenho dias proveitosos e outros que não quero ver nunca mais na
minha frente.
Não sou muitas em uma só. Sou a mesma o tempo todo, com todos os
sentimentos e reações a que tenho direito. E essas reações é que me fazem
parecer demasiadamente mais do que realmente eu sou.
Olá Rosa
ResponderExcluirQue conto belíssimo!
E você delineou com propriedade a mente humana. Fez uma devassa nos nossos sentimentos e comportamentos. Magistral é a palavra que o define
Beijos e um fim semana perfeito e poderosamente abençoado
Maravilhoso, como é a marca dos teus contos,Rosa! bjs, lindo fds! chica
ResponderExcluirOi Rosa poetisa,
ResponderExcluirEu tenho um problema: quando durmo cansada de nada fazer(não posso mais);converso alto em meus sonhos , então, meu marido marca as palavras que falo e no outro dia sai um sonho. Essa noite ele dormiu em outro quarto, pois está com forte gripe e eu estou começando a lembrar do sonho, tá uma bagunça na minha cabeça, cada palavra que lembro estou marcando num papel. O que será isso? Estou ficando louca?
Saudades de você
Beijos
Oi querida.
ExcluirNão sei responder. Mas o pouco que li sobre distúrbios do sono não vi nada associado a loucura. Você toma algum medicamento? Não será efeito colateral? Dormir bem é importante pra saúde. Mas acho que falar dormindo é mais comum do que a gente pensa.
Beijos. Fica bem.
Crónicas de um ano inteiro,
ResponderExcluirbem escritas com imaginação
na vida o amor verdadeiro
dá mais fôlego ao coração!
O tempo passa a correr,
mas, não leva a saudade
o que foi não volta mais a ser
que não nos leve a felicidade!
Tenha amiga Rosa Mattos, um bom fim de semana,
obrigado pela visita, um abraço.
Eduardo.
ჱه° ·. É isso que torna cada ser humano único e precioso!!!
ResponderExcluirÓtimo restinho de semana cheio de saúde e harmonia!
⋰˚هჱ
╱/ Beijinhos.
Estou alegre por encontrar blogs como o seu, ao ler algumas coisas,
ResponderExcluirreparei que tem aqui um bom blog, feito com carinho,
Posso dizer que gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
decerto que virei aqui mais vezes.
Sou António Batalha.
Que lhe deseja muitas felicidade e saúde em toda a sua casa.
PS.Se desejar visite O Peregrino E Servo, e se o desejar
siga, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.
Boa noite, Rosa.
ResponderExcluirÉ verdade, temos dias de todos os tipos, isso é um fato.
Nem sempre sorrimos ou choramos, amamos ou odiamos, são partículas de nós em uma mistura grandiosa, quiçá confusa tantos dias.
Só penso que somos várias dependendo do dia que nos é apresentado.
Tenha uma semana de paz.
Beijos na alma.
Boa noite, Rosa.
ResponderExcluirÉ verdade, temos dias de todos os tipos, isso é um fato.
Nem sempre sorrimos ou choramos, amamos ou odiamos, são partículas de nós em uma mistura grandiosa, quiçá confusa tantos dias.
Só penso que somos várias dependendo do dia que nos é apresentado.
Tenha uma semana de paz.
Beijos na alma.
Boa noite, Rosa.
ResponderExcluirÉ verdade, temos dias de todos os tipos, isso é um fato.
Nem sempre sorrimos ou choramos, amamos ou odiamos, são partículas de nós em uma mistura grandiosa, quiçá confusa tantos dias.
Só penso que somos várias dependendo do dia que nos é apresentado.
Tenha uma semana de paz.
Beijos na alma.
A Verdade Em Poesia, está a tentar visitar a todos os seus seguidores,
ResponderExcluirpara deixar abraço amigo e agradecer por termos ficado juntos mais um ano,
desejar também que este ano lhe traga muitas alegrias, e grandes vitórias.
Atenciosamente. António.
PS. tive de seguir outra vez porque estava sem foto, ou sem endereço.
Oi Rosa,
ResponderExcluirJá li um pouco o seu livro e deu pra ver que vou gostar. Você escreve muito bem.
Tenha bons sonhos
Beijos
Lua Singular
Não marques minhas palavras... deixas eu falar dormindo sem me interromper... deixas eu sonhar sem ficar marcado...
ResponderExcluir... Vou comprar uma belo vaso... para colocar a Rosa dos contos!